Cientistas do Centro Nacional de Oceanografia (NOC) do Reino Unido estão liderando um novo projeto financiado por cinco anos para investigar a expansão alarmante de desertos oceânicos — vastas regiões do oceano com pouca vida ou nutrientes.
A pesquisa, apoiada por uma doação Consolidator Grant do Conselho Europeu de Pesquisa (ERC) de US$ 3,5 milhões (£ 2,6 milhões), explorará se organismos microscópicos chamados diazotróficos poderiam retardar ou até mesmo reverter essa tendência.
Giros subtropicais, frequentemente chamados de "desertos oceânicos", cobrem mais de 60% da superfície do oceano. Essas regiões estão se expandindo a uma taxa sem precedentes de cinco milhões de quilômetros quadrados por década — uma área equivalente à Floresta Amazônica ou a toda a União Europeia.
À medida que as temperaturas globais aumentam, os cientistas estão preocupados com o impacto a longo prazo dessa expansão nos ecossistemas marinhos e no clima da Terra, o que reduziria a produtividade dos oceanos, afetando as teias alimentares marinhas e o papel do oceano como sumidouro de carbono.
O novo projeto, chamado EXPAND, se concentrará no giro subtropical do Oceano Índico, o menos compreendido desses desertos oceânicos. Inclui parceiros da França, EUA, Canadá e África do Sul.
O líder do projeto e cientista sênior do NOC, Dr. Mar Benavides, destaca a urgência de entender o que impulsiona a expansão dos desertos oceânicos e se a fixação biológica de nitrogênio pode ajudar a neutralizar seus efeitos.
"Ao descobrir as ligações entre a fixação de nitrogênio e a produtividade marinha, seremos capazes de refinar os modelos de mudanças climáticas e melhorar as previsões de como os ecossistemas marinhos respondem às mudanças ambientais", disse Benavides. "Em última análise, este projeto poderá oferecer novos insights sobre como mitigar o impacto das mudanças climáticas em nossos oceanos."
Como parte do projeto, os pesquisadores conduzirão duas expedições a bordo do R/V Marion Dufresne . Essas expedições reunirão especialistas em biogeoquímica, microbiologia, oceanografia física e engenharia oceânica para coletar dados cruciais do Oceano Índico.
O projeto também envolverá a implantação de equipamentos inovadores e avançados de observação oceânica automatizada, desenvolvidos pelo NOC para monitorar a atividade e a diversidade de diazotróficos ao longo de um ano inteiro, permitindo que os cientistas coletem dados contínuos, mesmo quando não estiverem no mar.
Os parceiros do projeto EXPAND são o Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica (CNRS), o Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento, as Universidades da Califórnia em Santa Cruz e de Maryland (EUA), o Laboratório de Pesquisa Física da Índia e a Universidade de La Réunion e a Universidade da Cidade do Cabo (África do Sul).
EXPAND é um projeto endossado pela Segunda Expedição Internacional ao Oceano Índico (IIOE-2), pelo Projeto de Pesquisa Integrada da Biosfera Marinha (IMBeR) e pelo Estudo Internacional dos Ciclos Biogeoquímicos Marinhos de Elementos Traço e Seus Isótopos (GEOTRACES).